19.4.10

Dossiê Harajuku

Para quem ainda não sabe sou cosplayer já há 8 anos, então, depois de ser interrogada pela milionésima vez a respeito dos meus gostos pessoais sobre Cosplay, Lolita e pela moda alternativa de Harajuku resolvi escrever esse texto. Ou melhor, o texto tirou-me da cama às três da manhã gritando para ser escrito, uma vez que, ao que me parece, ainda não consegui ser clara o bastante depois de mais um ano de explicações.

Não faço cosplay porque é do Japão.

Cosplay surgiu em meados da década de 70 nos Estados Unidos nas convenções de quadrinhos/ficção científica, criado pelos fãs de Star Wars/Star Treck, respectivamente Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas no Brasil, que cansados de ficar apenas nas tradicionais camisetas estampada com o nome da série ou com imagens de personagens resolveram ser por um dia Tripulantes da Interpraice, Mestres Jedi, Soldados do Império ou mesmo o próprio Darth Vader. Com a popularização da coisa, outros personagens do imaginário americano passaram a ser cosplayados nas convenções de quadrinhos, como por exemplo, membros da Liga da Justiça ou dos Vingadores.

Como tudo começou antes do advento da internet a divulgação dos cosplays eram bem mais lenta e restrita ao pequeno público que consumia as publicações referentes aquele tema.

De qualquer forma, cosplay se popularizou com personagens japoneses uma vez que a final do maior campeonato de cosplays do mundo acontece no Japão. Porém, isso não impede que ninguém freqüente os eventos usando trajes que não sejam oriundos daquele país. É comum ver trajes que vão desde personagens de filmes da moda como o Capitão Jack Sparonw de Piratas do Caribe, da Turma do Chaves que tem origem mexicana ou até mesmo das Princesas Disney, não é a nacionalidade do personagem que conta, e sim o carinho do cosplayer por ele.

Lolita não é cosplay, nem roupa de boneca ou roupa de criança.

Lolita é uma releitura da roupa das donzelas européias do período Rococó. E o estilo tem vários desdobramentos a partir do termo mestre, que às vezes, em comum tem apenas a silhueta feminina bem marcada. Apenas citando algumas subdivisões: Gothic Lolita de ar mais sério e sombrio, Classical Lolita de tons mais neutros e estampas que remetem ao floral provance do Rococó original, e as Sweet Lolita que tem um ar mais inocente com estampas mais meigas.

Lolita é moda, e como qualquer outra moda, você vai na loja escolhe o modelo que gosta mais e compra. O objetivo de Lolita, diferentemente dos cosplays, é apenas usar algo que goste e não é ficar igual a um personagem existente.

O Japão não se resume a Cosplays, Lolitas e Kimonos.

Tókio é uma das capitais da moda, as outras são Paris, Londres, Milão e Nova York, logo, lá há toda uma convergência cultural na moda jovem do país. Do mesmo modo que os meninos de Seatle criaram o estilo Grunge de se vestir e que os ingleses criaram o jeito EMO de ser, os japoneses têm suas próprias tribos urbanas.

Durante a década de 90, o antigo bairro industrial fechava suas ruas para o transito de veículos aos domingos para permitir a livre circulação das pessoas, isso atraiu bandas independentes que queriam mostrar seu trabalho ao público, com o tempo, o perfil do Bairro de Harajuku começava a mudar, para atender as demandas de fim de semana surgiram lojas que para atrair a atenção dos jovens, o que incluía lojas de grife.

Boa parte do que Harajuku é hoje se deve a extinta Revista FRUITS, que focava em comportamento, atitude e moda. Aos domingos o fotografo da FRUITS ia até o bairro e fazia algumas fotos dos diversos tipos que achava por lá. Em pouco tempo o lugar começava a ganhar status de point da moda, o que fazia com que as pessoas se produzissem mais para ir até lá o que gerava vários clicks interessantes para a revista que por sua vez só aumentava a fama do bairro.

Hoje o local é reduto das mais distintas tribos. Como as Decoras que eram o principal foco da FRUITS, as Lolitas, as Gyarus, as Ganguros, as Yamanbas, as Hime-gyarus, os Kimiguris, os de Visual Key, as Mori-girls, e provavelmente mais alguns que devem me ter fugido da memória agora já que são 04:53 da manhã.

Ah sim, os kimonos ainda podem ser vistos na Tókio moderna. Geralmente usados por pessoas de mais idade no cotidiano. Os mais jovens apenas o usam em ocasiões especiais como visitas aos tempos, em cerimônias do chá, ocasiões formais como noivados, funerais ou no Ano Novo.


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