16.6.09

A pequena crônica Gótica.

Resolvi postar um texto que escrevi faz alguns anos.

A pequena crônica Gótica.

.Naquela manhã amena, ele tinha um olhar diferente dos que o acompanhavam, não era sonolento, nem cansado, nem distraído por um jornal ou revista, ou atento aos estudos. Aquele olhar que a janela do metrô refletia era melancólico, observava a paisagem de modo vidrado, como se ela não estivesse ali, ou como se ele enxergasse através dela.

_ Uma moeda por seus pensamentos.

Disse ela quando chegou.

_ Como disse?

Respondeu ele parecendo sair de seu transe.

Só agora notava a jovem pálida de vestido preto curtinho e botas a altura dos joelhos que estava de pé bem diante dele.

O metro parou e o lugar ao lado dele vagou, ela então se sentou ao seu lado.

_ Você não parece bem.

Realmente o rapaz tinha olheiras profundas e não parecia nada confortável em seu terninho risca de giz.

_ Estou cansado da vida.

Cheio de viver sempre a mesma rotina.

De ficar num cubículo abafado o dia inteiro e virar a noite a procura de algo que faça a vida valer a pena.

_ Se é assim porque não joga tudo para o alto?

Porque não experimenta uma nova vida.

_ Hum, como se isso fosse possível.

O metro começa a perder velocidade.

_ Minha estação esta chegando, quer vir comigo? Ou essa sua vida é muito importante?

Ele fechou os olhos, recosta-se no banco e inspirou profundamente.

Então abriu os olhos, pegou a mão dela e a acompanhou. Deixou tudo o que tinha para trás.

Quando o metrô chegou à última estação ouviu-se o grito da faxineira.

Já estava gelado o rapaz que ela tentou acordar.


_ Esqueci de perguntar o seu nome.

Disse o rapaz quando deixaram o vagão.

Ela então lhe disse sorrindo:

_ Me chamo Morte.

Não tenha medo de mim, agora há um novo mundo de possibilidades se abrindo para você.

Originalmente publicado aqui.

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