Resolvi postar um texto que escrevi faz alguns anos.
A pequena crônica Gótica.
.Naquela manhã amena, ele tinha um olhar diferente dos que o acompanhavam, não era sonolento, nem cansado, nem distraído por um jornal ou revista, ou atento aos estudos. Aquele olhar que a janela do metrô refletia era melancólico, observava a paisagem de modo vidrado, como se ela não estivesse ali, ou como se ele enxergasse através dela.
_ Uma moeda por seus pensamentos.
Disse ela quando chegou.
_ Como disse?
Respondeu ele parecendo sair de seu transe.
Só agora notava a jovem pálida de vestido preto curtinho e botas a altura dos joelhos que estava de pé bem diante dele.
O metro parou e o lugar ao lado dele vagou, ela então se sentou ao seu lado.
_ Você não parece bem.
Realmente o rapaz tinha olheiras profundas e não parecia nada confortável em seu terninho risca de giz.
_ Estou cansado da vida.
Cheio de viver sempre a mesma rotina.
De ficar num cubículo abafado o dia inteiro e virar a noite a procura de algo que faça a vida valer a pena.
_ Se é assim porque não joga tudo para o alto?
Porque não experimenta uma nova vida.
_ Hum, como se isso fosse possível.
O metro começa a perder velocidade.
_ Minha estação esta chegando, quer vir comigo? Ou essa sua vida é muito importante?
Ele fechou os olhos, recosta-se no banco e inspirou profundamente.
Então abriu os olhos, pegou a mão dela e a acompanhou. Deixou tudo o que tinha para trás.
Quando o metrô chegou à última estação ouviu-se o grito da faxineira.
Já estava gelado o rapaz que ela tentou acordar.
_ Esqueci de perguntar o seu nome.
Disse o rapaz quando deixaram o vagão.
Ela então lhe disse sorrindo:
_ Me chamo Morte.
Não tenha medo de mim, agora há um novo mundo de possibilidades se abrindo para você.
Lembra Gaiman... e isso é um bom sinal! ;)
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